Na tarde desta última terça-feira (30) aconteceu no auditório do Centro Administrativo de Santo Augusto a Assembleia Geral do Consórcio Rota do Yucumã tendo como pauta principal a retomada das tratativas políticas para o andamento do projeto de construção do Complexo Hidrelétrico Garabi/Panambi. O assunto voltou à tona no final do mês de maio, marcado pelo encontro de lideranças políticas para tratar sobre a temática.
O complexo faz parte dos projetos hidrelétricos planejados para a bacia do rio Uruguai na década de 1970. Nos estudos de inventário feitos na década de 80, foram planejadas três usinas para o aproveitamento da energia hidrelétrica no trecho binacional do rio Uruguai: São Pedro, Garabi e Roncador. Em 2010 foram realizados novos estudos de Inventário Hidroelétrico, os quais resultaram em dois aproveitamentos hidrelétricos: Garabi (com reservatório na elevação 89 metros em relação ao nível do mar e potência de 1.152 MW) e Panambi (com reservatório na elevação 130 metros em relação ao nível do mar e potência de 1.048 MW).
Em 2015 a Justiça Federal proibiu a expedição de licença prévia e suspendeu o processo de licenciamento ambiental para a instalação da Usina Hidrelétrica de Garabi-Panambi. A decisão de manter o processo suspenso está embasada no fato de que a obra afetaria o Parque Estadual do Turvo (Derrubadas/RS), uma unidade de conservação integral que não pode sofrer qualquer alteração humana.
Tendo em vista a retomada das tratativas, os Prefeitos, Vice-Prefeitos, Secretários e representantes dos 32 municípios que compõe a Rota do Yucumã se reuniram na tarde de terça-feira para debater o assunto. A preocupação da região está na preservação do Parque Estadual do Turvo e na visibilidade do Salto do Yucumã, maior salto longitudinal do mundo e principal atrativo turístico da região.
“Os estudos apresentados até então não nos trazem clareza sobre os reais impactos que a construção deste Complexo Hidrelétrico irá causar na região. É imprescindível que estudos detalhados sejam realizados para mapear o comportamento do Rio Uruguai, especialmente na área compreendida no Parque Estadual do Turvo” destacou Edison Arnt, presidente do Consórcio Rota do Yucumã.
Por mais que a cota 130 da UHE Panambi fique alguns metros abaixo do nível do Salto do Yucumã e o seu reservatório não atinja diretamente a visibilidade das quedas, foi levantada a preocupação sobre como se comportará o escoamento da água do rio. Este aspecto merece atenção, visto que hoje a visibilidade das quedas já está vulnerável à operação do conjunto de usinas que existem no Rio Uruguai, de forma mais direta a UHE Foz do Chapecó.
Após amplo debate, foi unânime entre os presentes a necessidade de informações mais precisas sobre o projeto e o posicionamento em defesa do Salto do Yucumã. Desta forma, nos próximos dias será encaminhada a solicitação destas informações aos órgãos competentes.
(Fonte: Rota do Yucumã)